Eu sempre fui luz, tentando acender um ponto num buraco negro.
Foi como encontrar um animal selvagem, e me deixar levar pela ingenuidade de achar que eu podia carregar (e cuidar) algo que nunca tivesse a capacidade de me devorar.
Me joguei de olhos fechados, e eu cai.
Cai como se fosse levada por uma enchente, lavada, enxugada, exaurida, subtraída. Eu morri.
Cai como se desse um passo em falso, encontrando a depressão, o vazio, a cova, onde o meu corpo nunca mais deixou de ruir, e eu continuo sentindo o vento do despencar ferindo o rosto, todos os dias, desconfigurando e desbotando o que um dia eu fui, o que eu deixei de ser.
O que se escondeu, com medo de um novo ataque.
O que desapareceu, no escuro.
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Seis anos e esse grito ainda ecoa pelas paredes dentro de mim, escondendo na garganta um sentimento que nunca flui, que nunca se torna voz.
Hoje nada pode contornar o que fui, e o que resta é uma imensidão de abismos em que me jogo a cada dia.
A vasta lembrança do meu desencontro com a felicidade me obriga a viver papéis mentirosos enquanto há somente solidão.
Quando penso no que você era, sinto vergonha do que fui.
Desencorajando-me de qualquer ato consciente de me fazer entender escondo-me no mesmo escuro, onde podemos ficar, pelo menos enquanto
escrevo, lado a lado novamente.
Damos idade ao tempo... (2)
Quantos anos? Nem conto mais.
você está nos meus pensamentos, quando procuro paz. Vejo você, seus dedos nas cordas do violão, e uma voz que me desequilibra.
Sempre estarei aqui Mari, meu bem, talvez encontraremos a poesia novamente.
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