terça-feira, 9 de junho de 2009

Por um tal beco

Nós mereciamos, mereciamos sim, todo aquele metro de tapete vermelho, adimiração dos olhos e o encanto corrente de sorrisos, todos os aplausos do barulho que representa a coisa bela, a saudação, toda essa inveja calada em gestos falsos, sepultada no vazio do querer alheio que é todo meu poder. Poder e não "ter". Mas eu tenho... e como eu tenho.
Mereciamos. Merecemos como poucos merecem.
Mas não, não, não é bem assim.
O tapete de asfalto ou concreto, nesse beco, nem é vermelho, nem macio. Não passamos por ele sozinhas, nem ninguém sabe de nada, meu bem, e os barulhos que eles fazem perturbam a minha cabeça, não são aplausos e nem são nossos os sorrisos. Nem sequer sabem da nossa beleza, e nem há questão em saber.
Por esse beco, nem você anda comigo.
Mas é nosso e é segredo, é o meu segredo. Assim é melhor. É melhor secreto, apesar de nada em mim ser discreto.
É nosso. Estão lá os aplausos tapetes sorrisos correntes barulho de coisa bela... e... e você, você ao meu lado.
Lá está, tudo lá.
Assim passo. Meu amor telepático.
E você fica ai... com sua visão telescópica.


... porque não há mais teso que passe pelo nosso beco, o Amor.

Um comentário:

Etienne. disse...

Lá está. É intocável.